Operação foi batizada de ‘Sufrágio Ostentação’ e envolve sete mandados judiciais
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, está na berlinda sob suspeita de ter participado do esquema de candidaturas laranja investigado pela PF; agentes fizeram busca na sede do PSL em Minas Foto: Jorge William / Agência O Globo
RIO – A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira a Operação Sufrágio Ostentação para investigar a suspeita de que o PSL em Minas Gerais tenha utilizado candidaturas laranja para desviar recursos direcionados a campanhas eleitorais femininas nas eleições de outubro do ano passado. Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cinco cidades, um deles na sede do partido do presidente Jair Bolsonaro em Belo Horizonte e os outros em gráficas que teriam sido contratadas para as campanhas.
A pedido da 26ª Zona Eleitoral de BH, a ação encampou ainda endereços localizados nos municípios de Contagem, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Lagoa Santa. Também foram apreendidos documentos relativos à produção de material gráfico de campanhas eleitorais.
A PF informou que foram ouvidas até agora entre 30 e 40 pessoas, incluindo candidatas do partido. O depoimento de quatro delas teria indicado o falseamento de campanhas. Segundo o delegado Marinho Rezende, que responde pela operação, o principal crime investigado até o momento é de falsidade ideológica. As buscas reveleram que uma das gráficas indicadas na prestação de conta sequer estava em funcionando em um local físico nos últimos dois anos.
Laranjas e Ministro do Turismo – 29.04 — É possível que as gráficas não tenham feito o serviço ou tenham feito para outro candidato, de modo a burlar a aplicação dos 30% dos valores nas campanhas femininas. Pelo que verificamos, o dinheiro pode ter sido convertido para outras candidaturas ou mesmo em benefício de terceiros. É o que a investigação vai indicar — disse Rezende à TV Globo.
As denúncias sobre candidaturas laranjas do PSL envolvem o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, presidente do partido no estado até 2018. Embora não seja alvo desta ação, ele é investigado pelo Ministério Público em Minas Gerais e pela PF por ter supostamente ter patrocinado com dinheiro dos fundos partidário e eleitoral as candidaturas de fachada. Álvaro Antonio está na corda bamba desde que veio à tona, em fevereiro, a suspeita de participação de seus assessores no esquema de desvio de recursos.