Um dos líderes do movimento dos caminhoneiros que paralisou o país em 2018, Wanderlei Alvez, o Dedeco, não poupa críticas à forma como o governo Jair Bolsonaro (PSL) tem conduzido as negociações com a classe e aos anúncios de benefícios feitos na última semana, especialmente após o aumento no óleo diesel. Foi o grupo de Alvez que convocou uma greve da categoria para o próximo dia 29. Eles estão ressentidos por não terem sido recebidos para as conversas que o Palácio do Planalto tem conduzido junto à “ala moderada” dos caminhoneiros, em oposição ao bloco de Dedeco, chamado de “radicais”. Wanderlei garante que, enquanto isso, tem obtido cada vez mais apoio para a paralisação batizada de “Lorenzoni”. Ele reconhece a dificuldade de unificar a categoria em torno de uma liderança. Mas tece críticas também às atuais vozes que se declaram líderes da classe. “É tudo um jogo político. Eles vão lá para defender um interesse específico. Acho que um representante tem de defender toda a categoria. Não interessa se trabalha com tanque, baú, carga seca, cada um puxando o seu transporte”, salienta.
Para Alvez, seria necessário que cada estado tivesse um comando, que falasse das demandas locais. “Mas sem entrar nessa coisa de cooperativa, de receber auxílio do governo. Porque aí vira um jogo de interesses. Você vai bater em Brasília para pedir favor. Não elegi ninguém para bater na porta e pedir favor, mas sim para exigir direitos”, frisa. Dedeco conta que tinha conversas recorrentes com o titular da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na época em que ele era deputado federal, mas garante que foi recentemente bloqueado no WhatsApp pelo ministro, após criticar as medidas anunciadas pelo Planalto. Procurado via assessoria de imprensa, Lorenzoni preferiu não se pronunciar a respeito. Em decorrência desse distanciamento, o caminhoneiro decidiu batizar a paralisação do próximo dia 29 de “Lorenzoni”.